Assim como a América, a África, antes do século XV, era habitada por povos de diferentes culturas e com suas próprias experiências históricas, estando dividida em vários reinos ou estados.
A história desse continente, antes da chegada dos europeus que escravizaram seus habitantes e retiraram suas riquezas, é repleta de acontecimentos fascinantes, normalmente ignorados pela maioria dos relatos históricos.
Eram inúmeros reinos e impérios que ali se desenvolveram e atingiram grande poder e riqueza. A partir do século X, estudiosos árabes começaram a escrever sobre a grande riqueza dos reinos africanos, o que despertou o interesse dos europeus por esse continente.
No continente africano já existia a escravidão, contudo, de forma muito diferente da escravidão que os negros iriam enfrentar ao entrarem em contato com os europeus.
A distribuição desigual de poder em algumas sociedades africanas gerava disputas e guerras como em outras sociedades na Europa, Ásia e América.
Pouco se sabe sobre como se apresentava a escravidão na África antes do século XVI nas várias estruturas sociais ali existentes. A instituição da escravidão permaneceu em algumas regiões até o século XX, como, por exemplo, em Serra Leoa, onde foi abolida apenas em 1928, e na Etiópia, somente em 1942.
As relações de poder foram profundamente alteradas quando esses africanos entraram em contato com os europeus, principalmente as relações comerciais, que antes eram estabelecidas apenas entre eles.
Com a chegada dos comerciantes europeus ao litoral, muitos reinos africanos se tornaram mais ricos e poderosos. Compraram armas de fogo e guerrearam uns contra os outros para tentar ampliar seus impérios.
Em 1441, a primeira expedição portuguesa, comandada por Antão Gonçalves e Nuno Tristão, apesar de não ser este o seu principal objetivo, inaugurou um novo tipo de comércio, o de homens e mulheres negros, que passaram a ser vendidos por alto preço em Lisboa, capital portuguesa.
Devido ao volume de escravos obtidos já nesse período, foi criada a Casa dos Escravos, para administrar esse lucrativo negócio: em poucos anos foram comercializados milhares de escravos africanos.
Entre os africanos trazidos para o Brasil predominavam os bantos e os sudaneses. Os bantos vinham das regiões de Angola, Moçambique e Congo. Os sudaneses eram originários da Costa do Marfim, da Nigéria e de Daomé (atualmente República do Benin).
Os escravos trabalhavam desde o nascer do dia até o escurecer, quase sem descanso, já que mesmo aos domingos, cultivavam pequenas roças para o seu próprio sustento. Em razão da péssima alimentação, do excesso de trabalho e dos maus-tratos, o negro escravo tinha uma vida bastante breve. Seu trabalho era constantemente vigiado e sofriam uma série de castigos, mesmo por faltas leves.
Entre as várias formas de castigo estava, por exemplo, o tronco ou “pau de paciência”. Nele, os negros eram pendurados pelas canelas em pequenas aberturas existentes entre duas vigas de madeira, em que ficavam por horas e até dias imobilizados, com fortes dores e formigamentos, além de receberem chicotadas dependendo da falta cometida.
DEBRET, Jean-Baptiste. Feitores açoitando negros na roça. 1828. Aquarela sobre papel, 15 cm x 19,8 cm. Museu Castro Maya, Rio de Janeiro.
DEBRET, Jean-Baptiste. Feitores açoitando negros na roça. 1828 – Imagem em Alta Resolução
A maioria das fontes históricas sobre a presença escrava no Paraná relata que, desde 1640, quando foi descoberto ouro nas encostas da Serra Negra, próximo ao litoral paranaense, surgiu o primeiro núcleo populacional da região, a vila de Paranaguá. Muitos mineradores e aventureiros se dirigiram rapidamente para a região e, com eles, chegaram os primeiros escravos africanos.
Em 1645 foi instalado um pelourinho, coluna de pedra erguida no centro de uma praça ou local público para castigar criminosos e escravos.
Segundo documentos relativos à fase de colonização da região, estima-se que um quarto da população total do Paraná na época era composta por escravos, que eram utilizados como mão de obra nas minas, na agricultura, na criação de gado, na exploração do mate e da madeira, e ainda em inúmeros serviços nas vilas e nas cidades.
A atividade de produção da erva-mate foi muito importante na economia paranaense. Dela participaram a população escrava e os poucos homens livres, mulheres, crianças e idosos. As crianças trabalhavam junto com suas famílias nas fazendas, nos ervais e nos engenhos, realizando diversas atividades.
Os escravos também eram usados como carregadores, estivadores, jornaleiros, serventes, encarregados de limpeza das casas, lavadores de vidros e de casas, vendedores ambulantes, carpinteiros, pintores, pedreiros.
Em muitas regiões, a mão de obra escrava era especialmente importante, como em Paranaguá, Antonina, Guaratuba, Castro, Curitiba, Lapa e São José dos Pinhais.
DEBRET, Jean-Baptiste. Negra tatuada vendendo caju (detalhe). 1827. Aquarela sobre papel.
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